quinta-feira, 17 de maio de 2007

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Reflexão Final

São as Novas Tecnologias benéficas ou prejudiciais à Humanidade? Traçada uma análise, ainda que muito sucinta, ao POSC, importa agora tecer uma reflexão crítica sobre o trabalho realizado. Ao elaborarmos um estudo aprofundado sobre o Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento, derivamos deste uma clara conclusão, isto é, que as novas tecnologias têm um papel absolutamente central na idealização, concepção e implementação do respectivo Programa. Posto isto, não é por acaso que a apresentação deste plano foi proposta no âmbito da cadeira em questão, dada a simbiose de conteúdos que se verifica a todos os níveis. Em virtude de uma lógica de assimilação e partilha de conhecimentos que se pretende transmitir ao longo da disciplina, assim como de uma multidisciplinaridade sempre salutar ao constante processo de aprendizagem que desenvolvemos no universo académico, achámos oportuno incluir no nosso trabalho algumas referencias bibliográficas que se enquadram na temática em análise. Como tal, recorremos ao pensamento de alguns autores, cujo posicionamento crítico relativamente às novas tecnologias é descrito de forma sucinta.

O primeiro autor que invocamos é David Lyon que exerce um pensamento sobre a problemática das Tecnologias de Informação. Resumidamente, ele embora reconheça o benefício destas tecnologias e refira a naturalidade com que estas são encaradas pelo senso-comum, alerta também para uma face negra que se esconde atrás desta evolução. Como o próprio autor afirma “ a visão optimista dos benefícios sociais das novas tecnologias constitui um factor de distracção, que nos poderá levar a passar ao lado de questões cruciais relacionadas com o modo como as tecnologias de informação são desenvolvidas e aplicadas.” Tais questões cruciais prendem-se, por exemplo, com as transformações ocorrentes a todos os níveis sendo o emprego um dos mais afectados. David Lyon dá o exemplo das fábricas “Os robots das fábricas de automóveis executam tarefas que antes requeriam força e destreza humana”. Hoje em dia, deparamo-nos com a substituição do homem pelas tecnologias de informação. Se é verdade que com este avanço se têm encurtado distancias e se processam dados de forma mais célere, por outro, cava-se um fosso respeitante às relações pessoais e perde-se, em muitos casos, o direito à privacidade. Portanto, o autor é algo crítico quanto à real assimilação das novas tecnologias de informação, colocando sérias dúvidas quanto à eficácia dos planos tecnológicos que têm sido implementados em diversos países.

Outro autor que nos merece particular atenção neste campo é Manuel Castells. A sua obra tornou-se uma referência incontornável para quem estuda as questões da sociedade da informação, quer pela interpretação analítica que faz desta temática, quer pelas importantes reflexões que tem desenvolvido acerca dos efeitos que as mudanças recentes de processamento e manuseamento de informação têm vindo a causar nos sistemas económico, social, cultural, político e urbano. Castells considera a Sociedade de Informação proveitosa no intercâmbio de conhecimentos que por sua vez gera um desenvolvimento da Humanidade a todos os níveis. Apesar do autor expressar uma especial preocupação com os info-excluidos, na sua obra “Galáxia Internet”, ele considera extremamente benéfica tal tecnologia, pois é originadora e congruente de um conhecimento que nos leva a um mundo melhor. “È a acção de conhecimentos sobre os próprios conhecimentos [que é a] principal fonte de produtividade [...]. Visa o desenvolvimento tecnológico, ou seja, a acumulação de conhecimentos e maiores níveis de complexidade do processamento de informação [...]. É a busca por conhecimentos e informação que caracteriza a função da produção tecnológica do informacionalismo”.



Finalmente, referimos dois autores completamente antagónicos no seu pensamento quanto à questão da proliferação das novas tecnologias, nomeadamente, Pierre Levy e Paul Virilio. O primeiro é um claro entusiasta no que respeita a esta questão, já o segundo, tem uma visão totalmente pessimista. Lévy afirma que “a comunicação interactiva e colectiva é a principal atracão do ciberespaço”. Segundo este autor, isso ocorre porque a Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Ela possibilita a partilha da memória, da percepção, da imaginação, que resulta na aprendizagem colectiva e na troca de conhecimentos entre os grupos, ou seja, numa inteligência colectiva. Por sua vez, Virilio assume-se como um “combatente da resistência ao mundo cibernético”. Segundo este autor, estaríamos todos ainda a escrever à mão, dado o seu cepticismo em relação às novas tecnologias.


Concluindo, estes são apenas alguns dos inúmeros autores que se debruçam sobre o pertinente e actual tema do impacto das novas tecnologias na Sociedade, ao que a presente turma, foi especialmente privilegiada, na medida em que privou com alguns destes, designadamente na disciplina de Teorias Aprofundada dos Modelos de comunicação, que por sua vez nos serviu de base á realização desta actividade.Como grupo de trabalho, esperamos sinceramente que através da apresentação oral e síntese escrita deste trabalho, a turma saia, tal como nós, mais elucidada relativamente à essência do POSC e, que acima de tudo, tenha tomado consciência das politicas governamentais que se desenvolvem no nosso País. A Sociedade do Conhecimento promete voltar em breve, com mais assuntos pertinentes a serem tratados. Desde já, fica o nosso agradecimento a todos que dispuseram do seu tempo e atenção para lerem as informações que se encontram contidas neste blog, esperando que, de algum modo, vos tenham sido úteis.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento (Síntese)

O Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento resulta da harmonização estratégica de uma série de políticas presentes e coincidentes em vários outros programas desenvolvidos em paralelo como o Plano Tecnológico, o Ligar Portugal, a Estratégia de Lisboa, a UMIC e o i2010 de forma a desenvolver e massificar as tecnologias de informação e comunicação em Portugal.
Este programa, impulsionado e apoiado financeiramente pelo actual governo, assim como pela União Europeia, encontra-se implementado e a decorrer há dois anos, apostando em várias medidas, descritas através dos chamados eixos prioritários que em conjunto e de forma progressiva pretendem revolucionar o acesso da nossa sociedade ao conhecimento, transformando a Internet num poderoso instrumento de aprendizagem, qualificação, e assim, conhecimento.


Os objectivos gerais do POSC passam por:



- Promover uma Sociedade assente na Informação e no Conhecimento;
- Apostar em Novas Capacidades;

- Investir na modernização e eficiência dos Serviços Públicos;

- Reforçar os níveis de qualidade da Cidadania;

- Promover o Património Cultural;

- Apoiar a configuração de uma Rede Nacional de Descentralização;

- Implementar as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) como elemento de qualificação da população portuguesa.

- Fomentar a competitividade e valor empresarial através das TIC.

Eixos Prioritários

Eixo 1- Desenvolver competências

O primeiro dos eixos do POSC apresenta medidas concretas que se prendem essencialmente com a grande importância das tecnologias de informação na nossa sociedade e com a necessidade do desenvolvimento de competências nesta área. Este eixo está em vigor desde 2000 e defende que se deve apostar em formação, quer básica, quer avançada, para conseguir dar uma melhor resposta ao crescente progresso tecnológico a que assistimos e aos desafios por este provocados. As competências básicas apresentam-se assim como uma necessidade, ainda que a formação avançada e a investigação e desenvolvimento nesta área não possam ser esquecidos. É de extrema importância formar pessoas que possam colmatar as muitas falhas que ainda existem nesta área. A independência do país face ao resto da Europa é uma meta a atingir e para tal é necessário apostar na formação nacional, para que a utilização de recursos externos deixe de ser necessária. A independência e autonomia tecnológicas apresentam-se assim como um objectivo do POSC.

Eixo 2 - Portugal Digital

Os objectivos gerais deste eixo passam por: uma contribuição para a criação da melhoria da qualidade de vida, do ensino, da prestação de serviços de saúde, do acesso à cultura e ao conhecimento, bem como pela melhoria da competitividade das empresas proporcionadas pelas tecnologias da informação e da comunicação.
Para o efeito, o eixo conta com 3 acções distintas que visam facilitar e estimular a utilização generalizada das TIC's, apoiar a procura e a criação de conteúdos em formato digital, nomeadamente em língua portuguesa e incentivar a investigação e inovação nesta área.

Eixo 3 – Estado Aberto: Modernizar a Administração Pública

Com o objectivo de modernizar a Administração pública, este eixo prioritário pretende generalizar o uso das tecnologias de informação e comunicação em diversas áreas: processamento, arquivo, disponibilização e troca de informação entre os serviços públicos, os cidadãos e os agentes económicos e sociais.
Pretende-se igualmente modernizar todas as infra-estruturas que sustentam a utilização das novas tecnologias de modo a se conseguir uma excelente optimização dos recursos
O objectivo primordial será a desburocratização e a simplificação da administração pública através da implementação de meios tecnológicos e de comunicação
Este empenho na desburocratização do Estado e das empresas através da implementação de eficazes estruturas organizativas poderá funcionar como um propulsor positivo para a nossa economia

Eixo 4 - Massificar o Acesso à Sociedade do Conhecimento

Na prática, é pretendido através deste eixo desenvolver uma infra-estrutura de Banda Larga, amplamente disponível, de forma a promover a utilização massificada de serviços e conteúdos seguros, tanto públicos como privados.
Este é um factor determinante para a construção da Sociedade de Informação e para o fortalecimento de uma economia baseada no conhecimento tal como se pretende para Portugal.

Eixo 5 – Governo Electrónico

O 5º eixo do POSC visa o Governo Electrónico e pretende, em termos gerais, uma melhor prestação de serviços aos cidadãos e empresas. Neste eixo, a modernização é prioridade, e os meios propostos passam pelo apoio a iniciativas, acções de projectos que promovam um serviço público de qualidade e eficiência. Aqui pretende-se criar uma maior confiança por parte dos cidadãos, atingida através, e não só, da qualidade de serviços, como também de uma maior transparência na prestação destes.

Eixo 6- Desenvolver Competências e Cultura Digital

Este eixo do programa destina-se a licenciados que queiram prosseguir os estudos em novas tecnologias. Para isso, são atribuídas bolsas em articulação com as empresas, que por sua vez passam a usufruir de mão-de-obra mais qualificada. Os beneficiados desenvolvem as suas capacidades seguindo um programa de trabalhos a decorrer em empresas, com base numa especialização e pós graduação universitária direccionada para as áreas tecnológicas avançadas.

Eixo 7 – Inovação Integrada em TIC

Para que se possa vir a assistir a uma progressão sustentável da nossa economia, capaz de fazer frente a uma hegemonia de mercado estigmatizada pela abertura a países de mão de obra barata mas qualificada, a economia portuguesa tem que se dotar de tecnologias que suportem esse crescimento.
Para se promover a competitividade da nossa economia, torna-se urgente a aposta forte nas TIC( tecnologias de informação e comunicação), enquanto base de projectos que visem a inovação e o desenvolvimento tecnológico. Para isso torna-se indispensável que se consiga conjugar com sucesso as técnicas de desenvolvimento empresarial com a criação e difusão de novos produtos e tecnologias e a possível internacionalização das empresas.
Para que estes objectivos se possam vir a concretizar, o Estado português disponibiliza então, condições de apoio público ás empresas portuguesas para que estas possam investir em actividades de grande valor de mercado com base na investigação e desenvolvimento das TIC. Para isso prevê-se uma articulação sustentável entre as Instituições de investigação e desenvolvimento das TIC com o tecido empresarial português, de modo a que se possa assistir a uma valorização dos projectos que possam vir a ser financiados.

Eixo 8 - A Sociedade do Conhecimento como Instrumento de Apoio à Descentralização do Território

Este eixo tem como objectivo promover o desenvolvimento da Sociedade da Informação e do Conhecimento ao nível Regional e Local. Para o efeito é necessário um apoio à criação de competências regionais que aplicadas criem valor económico para a região e que, consequentemente, aumentem a qualidade de vida dos seus cidadãos promovam a competitividade das suas empresas e o seu desenvolvimento sustentado.

Eixo 9 – Assistência Técnica

O 9º eixo temos a Assistência Técnica, prestada pela FEDER (Rede de Dinamização Empresarial Digital, que consiste num incentivo às compras online, compras electrónicas) e ainda pela FSE (Formação de Certificação em Competências). Não basta promover e tentar implementar as novas tecnologias, mas também prestar-lhes o devido apoio técnico.


Impactos da Estratégia

Sobre o Emprego Relativamente a uma área tão sensível como a do emprego, pretende-se que o POSC constitua-se como um factor que eleve o grau de qualificação da população e a capacidade para induzir dinâmicas de mudança ao nível dos mercados e da sociedade em geral. Para além disso, aposta-se igualmente num estímulo à criação de condições favoráveis para a emergência de novas actividades no âmbito dos serviços e da indústria de conteúdos de multimédia, tendente a romper a estrutura sectorial vigente, assente em actividades tradicionais com baixos níveis de produtividade e de salários, fazendo das TIC um elemento central do ponto de vista de indução de dinâmicas de inovação no comportamento dos actores económicos.
Em suma, através deste programa procura-se gerar mais e melhor emprego, sem descurar sectores da Sociedade mais desfavorecidos neste campo, tais como as minorias étnicas, imigrantes, jovens em transição para o mercado de trabalho e cidadãos portadores de deficiência.

Sobre o AmbienteO POSC devido ás suas áreas de acção não incide negativamente no meio ambiente.
Este programa pela natureza dos seus objectivos procura o melhoramento da qualificação dos recursos humanos nacionais, que intervirão no melhor aproveitamento do tecido produtivo, com base nas novas exigências de mercado.
Com a introdução de recursos humanos mais qualificados o ambiente pode ficar a ganhar na medida que podem surgir técnicas de produção que desperdicem e consumam menos recursos.

Sobre a Igualdade de Oportunidades O Programa prevê a construção de uma sociedade da informação e do conhecimento à qual todos os cidadãos possam aceder e participar em regime de igualdade e onde os seus direitos estão garantidos, através de políticas prioritariamente públicas, de colocação de recursos e oportunidades regionalmente distribuídas.
A igualdade como elemento integrador das diferentes intervenções operacionais corresponde a uma preocupação comunitária e nacional, levada em conta nas fases de selecção, acompanhamento, controlo e avaliação dos projectos financiados pelo programa. Assim sendo, tende-se progressivamente a eliminar as barreiras de acesso aos programas operacionais resultantes de qualquer tipo de descriminação: sexo, cor, idade ou religião. Em suma, almeja-se uma Sociedade do Conhecimento extensível a todos os cidadãos .

terça-feira, 10 de abril de 2007

Edições Casa de Estudos de Alhos Vedros (CEAV)

Um espaço a visitar...http://ceav.blogspot.com/


"Ao estudo da sabedoria jamais havereis de pôr termo; não acabe ele antes de acabada a vossa vida" - Juan Luis Vives, in "Introdução à Sabedoria"

terça-feira, 20 de março de 2007

Castells, os desafios da Sociedade em Rede - Conclusão

Vivemos em tempos de mudança, onde o processo evolutivo da Sociedade, a todos os níveis, tem sido uma constante, principalmente devido à eclosão e progresso das novas tecnologias. Neste panorama, as transformações sociais contemporâneas estão em grande medida relacionadas com a revolução tecnológica em curso, sendo que, as tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm tido um papel fundamental na ocorrência de modificações económicas, sociais e organizacionais, visíveis em novos modos de aprender e de comunicar, de produzir, de distribuir e de consumir bens e serviços.
A integração em redes, sejam elas sociais, tecnológicas, de investigação ou de produção, parece ser outra das consequências deste "ambiente" que estimula a aproximação entre empresas, cidades, organizações e indivíduos. Porém, há algo que está no centro de todas estas transformações ocorridas e cujo papel tem sido absolutamente fulcral nas respectivas alterações manifestadas. Falamos naturalmente daquilo a que Manuel Castells designa de novo ambiente de comunicação, ou seja, a Galáxia Internet.
A comunicação constitui-se indubitavelmente como a essência da actividade humana. Como tal, qualquer mudança ocorrida neste sector reflecte-se em todos os outros campos da Sociedade hodierna. A “sociedade em rede” é um paradigma do que atrás foi afirmado, sendo que o seu surgimento veio alterar completamente a realidade vigente, formando assim uma nova estrutura social. Em virtude disso, surgem as habituais indagações, inerentes às grandes alterações estruturais, que por sua vez se traduzem num dilema entre as oportunidades e desafios que daí podem advir.
Castells é bastante objectivo ao afirmar que a Internet é uma “tecnologia da liberdade”, sendo contudo, uma terrível arma de opressão aos desinformados, isto é, para aqueles que não têm acesso à Internet ou simplesmente não possuem os meios necessários (físicos e/ou intelectuais) para usufruírem correctamente desta tecnologia. Segundo o autor, as desigualdades existentes a este nível, tal como acontece nos demais sectores da Sociedade Humana, são deveras patentes, mas igualmente combatíveis. Posto isto, há que conjugar esforços, de forma individual e colectiva, afim de que o aproveitamento da Internet possa ser extensível a toda a população e consequentemente se crie uma Sociedade melhor. Para isso, é necessário centrar a nossa acção no campo específico em que vivemos, ou seja, na Sociedade oriunda das redes de comunicação da Internet.
As crescentes transformações sociais, concernentes ao processo de evolução das novas tecnologias, têm levantado inúmeras inquietações relativamente aos efeitos nefastos que tal processo pode originar. Em função disso, geram-se em algumas fracções da Sociedade, posições reaccionárias quanto ao caminho percorrido pela humanidade na descoberta de novas potencialidade tecnológicas. Tais receios são muitas vezes expressos de forma colectiva, nomeadamente através de protestos públicos contra a globalização, que na opinião destes, está na génese dos problemas que se observam a nível mundial. Manuel Castells considera essencial o pensamento construtivo, em oposição à radicalização. Segundo o autor, “tais protestos representam, principalmente, o ponto de vista de uma minoria activa e incluem grupos de interesse com uma visão muito limitada do mundo, por exemplo, os defensores do proteccionismo dos países ricos que pretendem conservar os privilégios perante a concorrência do mundo em vias de desenvolvimento”. Apesar de tais movimentos, Castells não descura a necessidade de se debater de forma profunda o tema da globalização, conferindo toda a legitimidade às questões e problemas que são levantados e equacionados na opinião pública.
A vertente radical é apenas a face visível deste processo reaccionário que se manifesta contra o avanço desmedido das novas tecnologias, especialmente da Internet, que tem irrompido de forma avassaladora pela sociedade actual. Sendo assim, questões fulcrais tais como o emprego, educação, protecção social entre outras, têm estado na mira das inquietudes expressas, ainda que de forma menos veemente, por grande parte dos cidadãos desta “aldeia global”. A degradação ambiental, a redução esmagadora dos postos de trabalho, o crescimento da pobreza em alguns pontos do globo e o consequente aumento das desigualdades têm, de certa maneira, justificado tais receios. Contudo, um outro factor, não tão visível, mas igualmente assinalável, é o sentimento de impotência respeitante ao controlo das nossas próprias vidas. A contínua inovação leva-nos à impossibilidade de vislumbrar o futuro e tampouco tecer previsões quanto ao rumo que a Sociedade poderá tomar a médio e longo prazo. Portanto, não há dúvida que a ideia de prosperidade, muitas vezes associada ao conceito de progresso, encontra-se fortemente condicionada pelo factor de imprevisibilidade, que por sua vez é característico a um tempo de mudança, onde o amanhã é somente mais uma etapa em direcção a uma meta desconhecida.
O cepticismo sentido ainda relativamente aos benefícios de uma sociedade global alicerçada no poder comunicacional da Internet deve-se, em grande parte, aos notáveis desafios que tal concretização acarreta. O primeiro obstáculo que podemos identificar encontra-se relacionado com a apropriação das infra-estruturas de rede por parte de entidades privadas, revestidas de interesses políticos e económicos que tendem a monopolizar e manipular o acesso das massas à Internet, tornando o afamado direito à liberdade de informação e expressão individual numa elaborada ratoeira de conteúdos previa e calculistamente seleccionados.Esta grave condicionante delimita de forma inconsciente as inúmeras potencialidades que a livre transacção de conhecimentos a nível internacional poderia oferecer, tomando como exemplo o combate das grandes assimetrias cada vez mais sentidas entre sociedades desenvolvidas e em vias de tal. Por outro lado, e no extremo oposto, encontra-se o desafio referente à info-exclusão.
Numa era ditada pelos cânones comunicacionais, onde todos os aspectos referentes à concretização humana se encontram intimamente ligados e dependentes do acesso à informação digital, aqueles que por motivos como a insuficiência de infra-estruturas tecnológicas locais, dificuldades financeiras na aquisição dos serviços ou escassas capacidades habilitacionais e culturais na utilização autónoma da Internet, encontram-se condenados à ignorância e ivolução, perdendo a vertiginosa viagem rumo à era da informatização da civilização contemporânea.
Podemos identificar ainda uma terceira problemática referente ao progresso tecnológico impulsionado pela comunicação em rede, sendo ela, precisamente, a crescente e urgente necessidade de implementação de disciplinas criadoras de conhecimentos e aptidões relativas ao universo cibernético nas escolas, desde a mais tenra idade, de forma a proporcionar e desenvolver não só nas crianças, mas em toda a população, capacidades que permitam utilizar, reconhecer e descodificar a importância e potencialidades da Internet, através de uma linha pedagógica assente na interactividade e no estímulo da afirmação individual através da reconstrução inteligente dos inúmeros dados obtidos digitalmente.
Também as inúmeras entidades patronais, dirigentes de empresas e outras actividades ou instituições fornecedoras de emprego, apoiam-se, hoje em dia, cada vez mais, nos benefícios das novas economias baseadas no sistema informático em rede, levantando morosas questões referentes ao sistema de relações laborais, paz, segurança e solidariedade social, competitividade individual, que terão de ser, de forma progressiva e acompanhada, redefinidas neste novo contexto socio-económico, pró-internet.
Estes obstáculos preconizam a necessidade de novas formas de benefícios e contratos sociais, assim como a re-ajustução de modelos puramente liberais de auto-emprego individual que deverão pressupor o aparecimento conjunto de novas formas institucionais de segurança social, mantendo assim o equilíbrio e prosperidade económicos.
A regulação institucional dos mercados financeiros, erigidos em redes globais informatizadas, baseada e supervisionada por leis constitucionais, assentes na autoridade do Estado democrático, demonstra-se obrigatória, ainda que aliada a novos procedimentos, assentes na flexibilidade e inovação, de forma a prevenir o caos económico e as crises e lutas sociais emergentes das graves, mas possíveis, recessões económicas.
O receio/resistência à mudança sempre existiu na experiência humana. Quanto à insatisfação perante uma sociedade de rede, esta deve-se aos desafios ou problemas por esta levantados.
O primeiro dos desafios prende-se com a liberdade possível na Internet. Se por um lado esta é um meio, por excelência, de comunicação livre, na medida em que não está sujeita a censura, por outro, esta pode ainda ser propriedade privada, controlada e influenciada por interesses de ordem comercial, ideológica e até mesmo política.
Oposto à liberdade, encontra-se o problema da exclusão. Numa sociedade onde a importância da Internet e do estar ligado à rede é cada vez maior, os indivíduos que não tenham acesso a esta podem ser, de alguma forma, excluídos. O normal e quase obrigatório é estar ligado, é fazer parte desta rede gigantesca que se alarga a cada dia que passa. Mas estar pura e simplesmente ligado não é garantia de inclusão, de fazer parte, pois a boa utilização e a capacidade educativa e cultural também são imprescindíveis.
Outro desafio é a integração da capacidade de processamento da informação e geração de conhecimentos em cada indivíduo, dando especial atenção às crianças. É importante não só alfabetizar os utilizadores, como também educá-los, para que estes possam não só adquirir vastos conhecimentos, mas ainda utilizá-los para a produção de outros mais. Esta “educação” seria possível através de uma reestruturação no sistema educativo, que tenha como prioridade uma nova pedagogia assente na interactividade, na personalização e no desenvolvimento da capacidade de aprender e pensar de forma autónoma.
Também as relações laborais se vêm abaladas pelo aparecimento da empresa em rede e a individualização dos modelos de emprego.
As empresas embora sejam os principais criadores de riquezas não são alvo da confiança por parte das pessoas. Embora estas se empenhem cada vez mais no seu papel social não são quem deve resolver os nossos problemas.
As ONG são uma forma de agregação dinâmica de interesses sociais. São vistas pelo autor do texto como organizações neo-governamentais mais do que organizações não-governamentais pois muitas vezes de forma directa ou indirecta estão ligadas aos governos. As ONG fazem parte do Estado-rede emergente devido á sua abrangência institucional e aos apoios políticos que recebem mas não expressam o conceito de bem comum nem surgem como entidade reguladora da sociedade em rede.
Para que a sociedade possa controlar a criatividade tecnológica é necessário que todos nós nos responsabilizemos por aquilo que fazemos e por tudo aquilo que se passa á nossa volta.
Só através de uma reorganização politica que restaure a democracia como a conhecemos hoje, que actue na regeneração das nossas instituições politicas é que poderemos contornar as debilidades da sociedade em rede. Se isto não se verificar terá que partir de cada indivíduo a reestruturação das redes do nosso mundo através de cada projecto individual.
Não podemos escapar á importância que o papel da Internet tem na nossa sociedade. Para que não vivamos desfasados do que a sociedade tem para nos oferecer temos que lidar com a Internet. Afinal, vivemos na Galáxia Internet.

terça-feira, 13 de março de 2007

Modernidade tardia ou Pós-Modernidade


As últimas décadas do século XX foram de grande desenvolvimento tecnológico, nomeadamente ao nível da informação e comunicação. Tais inovações conduziram, entre muitas outras coisas, à diminuição do espaço / tempo entre populações, estando na origem do tão badalado conceito de "Aldeia Global".


Actualmente, existe uma enorme facilidade em deslocarmo-nos de forma rápida e fácil para qualquer ponto do mundo, assim como em aceder e trocar informações com indivíduos de qualquer canto do planeta. A globalização é cada vez mais um fenómeno que se verifica tanto a nível mundial como local.

Se por um lado as grandes inovações tecnológicas são benéficas em múltiplos aspectos da nossa vida, por outro, estas são susceptíveis a algumas contradições, gerando assim uma ambiguidade de opiniões relativamente aos reais efeitos do progresso tecnológico. Vejamos alguns pontos específicos onde tal paradoxo é deveras patente:
· Proliferação da tecnologia no trabalho (máquinas) vs desemprego
·Grandes avanços na medicina vs surgimento de novas doenças
· Aumento do conhecimento vs diminuição da capacidade do seu uso prático.

Uma crescente mecanização e posterior desenvolvimento tecnológico condicionam cada vez mais a liberdade natural do ser humano, aquela que os críticos modernos consideram ameaçada devido à constante evolução económica.A afirmação do indivíduo na sociedade deve ser feita em função do princípio da solidariedade para com o próximo. Nesse âmbito, o Cristianismo veio, no plano teórico, reforçar tal tese, na medida em que defende a salvaguarda dos direitos e garantias individuais.

Os benefícios tecnológicos registados na Modernidade preocuparam-se essencialmente com o desenvolvimento de maquinarias ignorando as verdadeiras necessidades de bem-estar humano. A fé depositada na Pós-Modernidade justifica-se através de uma tentativa de colmatar esta lacuna.

Embora não haja um consenso entre autores relativamente ao conceito de Pós-Modernidade, todas as interpretações vigentes convergem para a ideia de decomposição da realidade actual e ruptura com o presente. Boaventura Sousa Santos denomina-o de "paradigma emergente", isto é, uma séria de concepções científicas e políticas que se têm implementado nas ciências sociais e naturais, constituindo-se assim como novos modelos de pensamento humano. Não existe de facto concordância entre os estudiosos actuais sobre esta chamada crise da modernidade. Se por um lado alguns acreditam na continuidade indefinida da Modernidade, como Touraine e Giddens, outros defendem, nomeadamente os pós-modernos, que a decadência e o fim eventual da Modernidade são inevitáveis.

Apesar da possibilidade de conciliação entre o estilo de vida moderno e a liberdade natural do ser humano existem graves riscos provenientes da Modernidade, tais como um possível colapso dos organismos económicos, conflitos bélicos e desastres ecológicos. Em virtude dos inúmeros problemas sociais associados à era da Modernidade, Giddens propõe algumas medidas que visam amenizar tal conjuntura. Todavia, ele reconhece a complexidade de tal mudança, fundamentalmente devido à impossibilidade de controlar a sociedade e determinar com antecedência os caminhos que esta trilha, no que à sua organização respeita. Em suma, este autor defende uma possível extensão da Modernidade.

Contrariamente ao posicionamento crítico de Giddens e Touraine, Boaventura Sousa Santos sustenta o conceito de Pós-modernidade, caracterizando-o pelas diversas transformações políticas e sociais, que têm vindo a ocorrer no seio da Humanidade. Neste campo o autor apoia a tese do surgimento de um "paradigma emergente", ou seja, um novo modelo de acesso ao conhecimento, por sua vez discordante do que até então tem subsistido. Como tal, embora seja possível apresentar vários pontos divergentes em relação ao pensamento Pós-moderno e Modernidade, Boaventura Sousa Santos considera não existirem ainda formas concretas de nos posicionarmos face a esta problemática.

"Sabemo-nos a caminho mas não exactamente onde estamos da jornada."

Referência Bibliográfica:
SANTOS, Luís - A Educação Nova, A Escola Moderna e a Construção da Pessoa (tese de mestrado). Monte da Caparica: FCT da Universidade de Lisboa, 2003, pp30-34.

terça-feira, 6 de março de 2007

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Bem-vindos!


Olá caro(a)s colegas e docente, bem-vindos ao blog da Sociedade do Conhecimento. Como o próprio nome indica, ao longo deste espaço tentaremos fazer com que a nossa ânsia de conhecimento seja plenamente saciada, através de conteúdos pertinentes que serão expostos em articulação com o programa da disciplina.

Para esta experiência se tornar ainda mais enriquecedora, incentivamos à troca de opiniões, através de comentários entre a turma, com o objectivo de se estabelecer um positivo intercâmbio de informações, que certamente expandirá a nossa forma de olhar o mundo, no que respeita ao âmbito das Novas Tecnologias inseridas na Sociedade.

O nosso trabalho de grupo baseia-se no " Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento" e tem como objectivo analisar as vertentes mais pertinentes desta iniciativa que vigora actualmente na Europa. Como referência bibliográfica adicional podemos ainda recorrer ao PNSI – Plano Nacional da Sociedade de Informação. A apresentação desta análise está prevista para dia 21 de Março, através de uma breve exposição suportada por meios audiovisuais.


Até breve.