terça-feira, 13 de março de 2007

Modernidade tardia ou Pós-Modernidade


As últimas décadas do século XX foram de grande desenvolvimento tecnológico, nomeadamente ao nível da informação e comunicação. Tais inovações conduziram, entre muitas outras coisas, à diminuição do espaço / tempo entre populações, estando na origem do tão badalado conceito de "Aldeia Global".


Actualmente, existe uma enorme facilidade em deslocarmo-nos de forma rápida e fácil para qualquer ponto do mundo, assim como em aceder e trocar informações com indivíduos de qualquer canto do planeta. A globalização é cada vez mais um fenómeno que se verifica tanto a nível mundial como local.

Se por um lado as grandes inovações tecnológicas são benéficas em múltiplos aspectos da nossa vida, por outro, estas são susceptíveis a algumas contradições, gerando assim uma ambiguidade de opiniões relativamente aos reais efeitos do progresso tecnológico. Vejamos alguns pontos específicos onde tal paradoxo é deveras patente:
· Proliferação da tecnologia no trabalho (máquinas) vs desemprego
·Grandes avanços na medicina vs surgimento de novas doenças
· Aumento do conhecimento vs diminuição da capacidade do seu uso prático.

Uma crescente mecanização e posterior desenvolvimento tecnológico condicionam cada vez mais a liberdade natural do ser humano, aquela que os críticos modernos consideram ameaçada devido à constante evolução económica.A afirmação do indivíduo na sociedade deve ser feita em função do princípio da solidariedade para com o próximo. Nesse âmbito, o Cristianismo veio, no plano teórico, reforçar tal tese, na medida em que defende a salvaguarda dos direitos e garantias individuais.

Os benefícios tecnológicos registados na Modernidade preocuparam-se essencialmente com o desenvolvimento de maquinarias ignorando as verdadeiras necessidades de bem-estar humano. A fé depositada na Pós-Modernidade justifica-se através de uma tentativa de colmatar esta lacuna.

Embora não haja um consenso entre autores relativamente ao conceito de Pós-Modernidade, todas as interpretações vigentes convergem para a ideia de decomposição da realidade actual e ruptura com o presente. Boaventura Sousa Santos denomina-o de "paradigma emergente", isto é, uma séria de concepções científicas e políticas que se têm implementado nas ciências sociais e naturais, constituindo-se assim como novos modelos de pensamento humano. Não existe de facto concordância entre os estudiosos actuais sobre esta chamada crise da modernidade. Se por um lado alguns acreditam na continuidade indefinida da Modernidade, como Touraine e Giddens, outros defendem, nomeadamente os pós-modernos, que a decadência e o fim eventual da Modernidade são inevitáveis.

Apesar da possibilidade de conciliação entre o estilo de vida moderno e a liberdade natural do ser humano existem graves riscos provenientes da Modernidade, tais como um possível colapso dos organismos económicos, conflitos bélicos e desastres ecológicos. Em virtude dos inúmeros problemas sociais associados à era da Modernidade, Giddens propõe algumas medidas que visam amenizar tal conjuntura. Todavia, ele reconhece a complexidade de tal mudança, fundamentalmente devido à impossibilidade de controlar a sociedade e determinar com antecedência os caminhos que esta trilha, no que à sua organização respeita. Em suma, este autor defende uma possível extensão da Modernidade.

Contrariamente ao posicionamento crítico de Giddens e Touraine, Boaventura Sousa Santos sustenta o conceito de Pós-modernidade, caracterizando-o pelas diversas transformações políticas e sociais, que têm vindo a ocorrer no seio da Humanidade. Neste campo o autor apoia a tese do surgimento de um "paradigma emergente", ou seja, um novo modelo de acesso ao conhecimento, por sua vez discordante do que até então tem subsistido. Como tal, embora seja possível apresentar vários pontos divergentes em relação ao pensamento Pós-moderno e Modernidade, Boaventura Sousa Santos considera não existirem ainda formas concretas de nos posicionarmos face a esta problemática.

"Sabemo-nos a caminho mas não exactamente onde estamos da jornada."

Referência Bibliográfica:
SANTOS, Luís - A Educação Nova, A Escola Moderna e a Construção da Pessoa (tese de mestrado). Monte da Caparica: FCT da Universidade de Lisboa, 2003, pp30-34.

1 comentário:

Estudo Geral disse...

O texto está bom. O resto do trabalho também está bom. Mas notei-lhe algumas faltas, como são o caso da ausência de links para os outros blogs e também a ausência do resumo do texto do Castells. Bem sei que houve um pequeno acidente de percurso. Será por isso?