quarta-feira, 16 de maio de 2007

Reflexão Final

São as Novas Tecnologias benéficas ou prejudiciais à Humanidade? Traçada uma análise, ainda que muito sucinta, ao POSC, importa agora tecer uma reflexão crítica sobre o trabalho realizado. Ao elaborarmos um estudo aprofundado sobre o Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento, derivamos deste uma clara conclusão, isto é, que as novas tecnologias têm um papel absolutamente central na idealização, concepção e implementação do respectivo Programa. Posto isto, não é por acaso que a apresentação deste plano foi proposta no âmbito da cadeira em questão, dada a simbiose de conteúdos que se verifica a todos os níveis. Em virtude de uma lógica de assimilação e partilha de conhecimentos que se pretende transmitir ao longo da disciplina, assim como de uma multidisciplinaridade sempre salutar ao constante processo de aprendizagem que desenvolvemos no universo académico, achámos oportuno incluir no nosso trabalho algumas referencias bibliográficas que se enquadram na temática em análise. Como tal, recorremos ao pensamento de alguns autores, cujo posicionamento crítico relativamente às novas tecnologias é descrito de forma sucinta.

O primeiro autor que invocamos é David Lyon que exerce um pensamento sobre a problemática das Tecnologias de Informação. Resumidamente, ele embora reconheça o benefício destas tecnologias e refira a naturalidade com que estas são encaradas pelo senso-comum, alerta também para uma face negra que se esconde atrás desta evolução. Como o próprio autor afirma “ a visão optimista dos benefícios sociais das novas tecnologias constitui um factor de distracção, que nos poderá levar a passar ao lado de questões cruciais relacionadas com o modo como as tecnologias de informação são desenvolvidas e aplicadas.” Tais questões cruciais prendem-se, por exemplo, com as transformações ocorrentes a todos os níveis sendo o emprego um dos mais afectados. David Lyon dá o exemplo das fábricas “Os robots das fábricas de automóveis executam tarefas que antes requeriam força e destreza humana”. Hoje em dia, deparamo-nos com a substituição do homem pelas tecnologias de informação. Se é verdade que com este avanço se têm encurtado distancias e se processam dados de forma mais célere, por outro, cava-se um fosso respeitante às relações pessoais e perde-se, em muitos casos, o direito à privacidade. Portanto, o autor é algo crítico quanto à real assimilação das novas tecnologias de informação, colocando sérias dúvidas quanto à eficácia dos planos tecnológicos que têm sido implementados em diversos países.

Outro autor que nos merece particular atenção neste campo é Manuel Castells. A sua obra tornou-se uma referência incontornável para quem estuda as questões da sociedade da informação, quer pela interpretação analítica que faz desta temática, quer pelas importantes reflexões que tem desenvolvido acerca dos efeitos que as mudanças recentes de processamento e manuseamento de informação têm vindo a causar nos sistemas económico, social, cultural, político e urbano. Castells considera a Sociedade de Informação proveitosa no intercâmbio de conhecimentos que por sua vez gera um desenvolvimento da Humanidade a todos os níveis. Apesar do autor expressar uma especial preocupação com os info-excluidos, na sua obra “Galáxia Internet”, ele considera extremamente benéfica tal tecnologia, pois é originadora e congruente de um conhecimento que nos leva a um mundo melhor. “È a acção de conhecimentos sobre os próprios conhecimentos [que é a] principal fonte de produtividade [...]. Visa o desenvolvimento tecnológico, ou seja, a acumulação de conhecimentos e maiores níveis de complexidade do processamento de informação [...]. É a busca por conhecimentos e informação que caracteriza a função da produção tecnológica do informacionalismo”.



Finalmente, referimos dois autores completamente antagónicos no seu pensamento quanto à questão da proliferação das novas tecnologias, nomeadamente, Pierre Levy e Paul Virilio. O primeiro é um claro entusiasta no que respeita a esta questão, já o segundo, tem uma visão totalmente pessimista. Lévy afirma que “a comunicação interactiva e colectiva é a principal atracão do ciberespaço”. Segundo este autor, isso ocorre porque a Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Ela possibilita a partilha da memória, da percepção, da imaginação, que resulta na aprendizagem colectiva e na troca de conhecimentos entre os grupos, ou seja, numa inteligência colectiva. Por sua vez, Virilio assume-se como um “combatente da resistência ao mundo cibernético”. Segundo este autor, estaríamos todos ainda a escrever à mão, dado o seu cepticismo em relação às novas tecnologias.


Concluindo, estes são apenas alguns dos inúmeros autores que se debruçam sobre o pertinente e actual tema do impacto das novas tecnologias na Sociedade, ao que a presente turma, foi especialmente privilegiada, na medida em que privou com alguns destes, designadamente na disciplina de Teorias Aprofundada dos Modelos de comunicação, que por sua vez nos serviu de base á realização desta actividade.Como grupo de trabalho, esperamos sinceramente que através da apresentação oral e síntese escrita deste trabalho, a turma saia, tal como nós, mais elucidada relativamente à essência do POSC e, que acima de tudo, tenha tomado consciência das politicas governamentais que se desenvolvem no nosso País. A Sociedade do Conhecimento promete voltar em breve, com mais assuntos pertinentes a serem tratados. Desde já, fica o nosso agradecimento a todos que dispuseram do seu tempo e atenção para lerem as informações que se encontram contidas neste blog, esperando que, de algum modo, vos tenham sido úteis.

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